sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A importância de se tornar doador

Doar órgãos é um ato de amor e solidariedade, é um gesto que pode transformar a dor da morte em continuidade da vida. Quando um transplante é bem sucedido, uma vida é salva e com ele resgata-se também a saúde física e psicológica de toda a família envolvida com o paciente transplantado, mas o fato real é que o sucesso de transplantes depende da participação da sociedade através da doação de órgãos. Acredita-se que em caso de transplantes de órgãos todos são importantes: pacientes, médicos e doadores, pois não existe transplante sem doador. Pode ser qualquer pessoa para doar, pois para um transplante de órgãos, o que importa é a compatibilidade entre você e as várias pessoas que esperam um coração, um pulmão, um rim, ou uma vida.


A paciente Renata do Couto Rosa Silva, 25, luta contra a leucemia há 5 anos. Os irmãos de Renata fizeram o teste de compatibilidade e nenhum deles foi compatível. “Eu já fiz quimioterapia, fiz rádio, fiz seis cirurgias, fiz um transplante onde eu mesma fui doadora, e com tudo isso que passei aprendi a ter paciência, pois antes eu não tinha, então eu penso, se estou sofrendo, passando por isso, têm muitas pessoas lá dentro que estão pior do que eu. Aprendi a olhar pelas crianças; muitas crianças que não enxergam e que não escutam devido a esse problema, e que estão numa situação 1000 vezes pior que a minha, então é nelas que me espelho”, conta Renata. A grande dificuldade desse caso é que a fila para medula óssea é diferente da fila de rins e de outros órgãos, porque a medula óssea não se encontra com facilidade pessoas compatíveis.


Clodoaldo Antônio da Costa, 36, passou por um transplante renal, no dia 01 de julho de 2005 no hospital do Rim e Hipertensão de São Paulo. A cirurgia que durou três horas foi realizada pelo Dr. José Osmar Medina Pestana, sua própria mãe Vera Lúcia Finamor Costa foi doadora. “O doutor que estava sempre comigo me esclareceu tudo. A partir daquele momento eu percebi que não sabia de nada e não tinha informação sobre transplante, então era da minha obrigação, por estar lá, transmitir para outras pessoas para que encurtem esse caminho que para mim foi longo demais”, afirmou.


O médico Fabrício Rodrigues dos Anjos explica como é o processo para se tornar doador de órgãos, qual órgão é mais requisitado na fila de espera e como funciona o cadastramento para a fila de espera. “Na verdade, depende muito do órgão a ser doado, algum órgão o doador precisa ser cadáver, em outro o doador é vivo, um exemplo: o rim precisa de pessoas vivas, o coração de pessoas mortas, então tudo depende da necessidade. Hoje em dia todos os órgãos são requisitados, mas para o coração, intestino, pâncreas e pulmão a fila de espera é bem maior. O cadastramento é nacional, regionalizado, os pacientes que precisam de transplantes se cadastram na regional, pois a seleção é de acordo com a compatibilidade; cada órgão e cada tecido têm sua peculiaridade, de acordo com essa compatibilidade os órgãos vão sendo distribuídos no Brasil inteiro”, explica o médico.


Através de informação pode-se alterar a atual situação das filas e esperas. Quanto mais a população se conscientizar da importância de se tornar um doador, menos angustiante será a fila de espera por órgãos. Dentro desse universo existe ainda outra realidade grave que é a do transplante pediátrico. Se para o adulto a espera por um doador é difícil, imaginem quando o paciente é para crianças. O número de doadores em potencial reduz significativamente nesses casos e as chances da efetivação do transplante também.